O uso do biometano no Brasil está cada vez mais difundido, ou seja, ele evoluiu de piloto a alternativa real para reduzir emissões, estabilizar custos e elevar a competitividade de operações industriais e logísticas.
Neste artigo, vamos mostrar o panorama do biometano no Brasil e apontar onde estão os projetos mais maduros, quais setores já utilizam o combustível, os avanços tecnológicos e operacionais e as oportunidades de mercado no curto e médio prazo. Confira!
Qual é o panorama do biometano no Brasil hoje?
O cenário do biometano no Brasil é de aceleração: novas plantas entram em operação, contratos industriais se consolidam e surgem cada vez mais oportunidades para frotas corporativas.
A combinação de metas ESG, pressão por descarbonização de cadeias globais e disponibilidade de resíduos agroindustriais cria um ambiente favorável para ampliar a oferta e a demanda.
Cenário atual e capacidade de produção
A capacidade instalada vem crescendo com novos projetos em aterros sanitários, usinas do setor sucroenergético, laticínios e granjas. Segundo a literatura setorial (ANP, EPE, MME, ABiogás e CIBiogás), há uma curva ascendente tanto na produção quanto nas autorizações de qualidade para injeção e uso em frotas pesadas ou industrial.
Principais regiões produtoras
Os polos mais ativos se distribuem pelo Sudeste e Sul, com destaque para São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, além do Nordeste em franca evolução, especialmente em estados com cadeias de alimentos e bebidas e aterros capitalizados.
Tipos de indústrias e setores que já utilizam biometano
O panorama do biometano no Brasil inclui contratos com indústrias cerâmicas (fornos), alimentos e bebidas (caldeiras e geração térmica), papel e celulose, metalurgia leve, têxtil e química, além de transportes pesados e logística urbana (coleta, distribuição e transferência).
São aplicações conhecidas por seu consumo térmico contínuo e por metas formais de redução de carbono.
Em relatórios ESG, a substituição do diesel e do GNL por biometano aparece como uma das medidas de maior impacto nas emissões, sem exigir mudanças radicais de processo.
Aplicações industriais do biometano
No chão de fábrica, o biometano substitui diesel e GNL em caldeiras, estufas e fornos, mantendo estabilidade de chama e controle de temperatura.
Em frotas, a curva de adoção avança em transporte de carga, logística interna e operações urbanas, reduzindo ruído, partículas e CO₂.
Os ganhos diretos para a indústria são três: redução de custo total (especialmente quando há previsibilidade contratual), previsibilidade de consumo (sazonalidade suavizada por mix de fontes) e diminuição da pegada de carbono com comprovação auditável.
Leia também: Por que o biometano é uma fonte de energia estratégica?
Tendência de crescimento nos próximos anos
A evolução do biometano no Brasil combina dois vetores: ampliação de plantas greenfield, ou seja, instalações industriais, empreendimentos ou projetos construídos do zero, em uma área que ainda não possuía infraestrutura anterior relacionada àquela atividade e upgrade de unidades de biogás existentes.
O crescimento da oferta acompanha uma mudança clara de postura das empresas diante da transição energética. Cada vez mais, decisões de investimento passam a considerar fontes renováveis capazes de reduzir emissões sem comprometer a operação, o que tem impulsionado acordos de longo prazo e acelerado a expansão do biometano em diferentes setores produtivos.
Quais avanços tecnológicos e operacionais já ocorreram?
Hoje, as tecnologias que transformam o biogás em biometano conseguem retirar impurezas que sempre foram um desafio, como CO₂, H₂S, umidade e outros compostos.
Sistemas como membranas, PSA (um processo que separa os gases por pressão) e scrubbing (lavagem do biogás para retirar impurezas) ficaram mais eficientes, duráveis e econômicos. Com isso, conseguem produzir um biometano com alto teor de metano (CH₄) e qualidade estável para uso industrial, podendo substituir o gás natural nas operações industriais.O resultado é um gás renovável seguro, padronizado e competitivo.
Experiências de plantas-piloto e projetos industriais
As primeiras plantas-piloto ajudaram a entender como integrar o biometano a caldeiras, fornos e outros equipamentos, além de mostrar como controlar umidade, odor e escolher materiais adequados.
Indústrias que já fizeram a migração relatam forte redução de CO₂, menos partículas poluentes e operações mais limpas.
No transporte e na logística, frotas que usam gás (CH₄) mostram menor ruído e boa performance, abrindo caminho para rotas regulares com abastecimento planejado.
Esses aprendizados tornaram possíveis contratos maiores, com garantias de fornecimento e metas ESG acompanhadas de perto no dia a dia.
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Quais oportunidades de mercado existem para indústrias?
Para quem busca reduzir emissões com retorno mensurável, o cenário do biometano no Brasil oferece caminhos práticos de captura de valor, de incentivos a ganhos operacionais.
Incentivos fiscais e mercado de carbono
Ao substituir combustíveis fósseis, a indústria pode gerar créditos de carbono nos mercados voluntários, melhorar indicadores dos escopos 1 e 2 e acessar linhas de financiamento verde.
Além disso, diversos estados e municípios oferecem incentivos para projetos de energia renovável e inovação, ajudando a reduzir o tempo de retorno do investimento e amortizar custos de adaptação em caldeiras, fornos e sistemas de medição.
Uso direto em processos industriais e frotas
A substituição parcial do combustível fóssil pelo biometano é tecnicamente simples e pode ser feita rapidamente; em muitos casos, a troca total também é possível, dependendo da disponibilidade do gás e da estrutura de armazenamento.
Em processos térmicos, o biometano melhora o controle de combustão e deixa os queimadores mais limpos.
Nas frotas pesadas, ele facilita o cumprimento das metas ESG ao reduzir significativamente as emissões de CO₂ e de poluentes locais.
Em ambos os cenários, contratos de fornecimento previsíveis reduzem a exposição à volatilidade do petróleo e trazem estabilidade ao orçamento industrial.
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