Você sabia que com uma das maiores capacidades produtivas de biogás do mundo, o Brasil está bem-posicionado para expandir o uso do biometano como combustível veicular, especialmente para transporte de cargas e passageiros?
Este biocombustível renovável, gerado a partir de resíduos orgânicos, apresenta as mesmas propriedades do gás natural, mas com uma pegada de carbono muito menor. Isso o torna uma opção estratégica para descarbonizar a frota pesada e atender às exigências globais por soluções mais sustentáveis.
A crescente preocupação com a redução de emissões de carbono tem incentivado empresas de logística, transporte de cargas e transporte público a buscar alternativas ao diesel, historicamente predominante nesse setor.
Desta forma, o biometano se apresenta como uma solução viável para essa transição, pois oferece uma redução expressiva nas emissões de CO₂ e outros poluentes locais, além de contribuir para a segurança energética e a economia circular.
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A infraestrutura de abastecimento é um dos desafios para a expansão do biometano no transporte, e uma das soluções em discussão é a implementação dos corredores sustentáveis. Rotas logísticas estratégicas equipadas com postos de abastecimento para veículos movidos a gás natural e biometano. Essa iniciativa, já consolidada na Europa, está começando a ganhar espaço no Brasil.
Com o avanço de projetos que visam criar pontos de abastecimento ao longo de rotas de transporte de cargas e passageiros a adoção do biometano pode ser acelerada. Isso transforma a fonte em uma opção mais viável para frotas pesadas que percorrem longas distâncias.
Expansão do biometano no setor de transportes
O alto potencial do Brasil, para a produção de biometano, vem da enorme oferta de substratos disponíveis, como resíduos agroindustriais, efluentes sanitários e resíduos urbanos. Conforme abordado no artigo “Biometano nas indústrias: estratégia para a descarbonização“, a capacidade de produção dessa fonte de energia renovável no Brasil está em constante crescimento.
Segundo a Associação Brasileira de Biogás (ABiogás) o país pode produzir mais de 7 milhões de metros cúbicos de biometano por dia até 2029. A quantidade que poderia suprir grande parte do consumo energético do setor de transportes pesados.
De acordo com o Painel Dinâmico de Produtores de Biometano da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Brasil já conta com 8 plantas de
biometano autorizadas em operação e outras 31 em processo de autorização e implantação. O número ampliará a oferta desse combustível limpo nos próximos anos.
O transporte rodoviário de cargas no Brasil é altamente dependente do diesel, representando um dos setores de maior impacto ambiental no país. Em 2023, o país consumiu aproximadamente 64 bilhões de litros de diesel, contribuindo com um aumento de 3,2% nas emissões do setor de transportes em comparação com o ano anterior, atingindo o maior nível já registrado.
Esses dados reforçam a necessidade de alternativas mais sustentáveis. Sendo assim, o biometano surge como um substituto viável, reduzindo as emissões de CO₂ em até 90% quando comparado ao diesel, além de diminuir a emissão de material particulado e óxidos de nitrogênio (NOx), que afetam a qualidade do ar.
Aplicação do biometano no transporte de carga
Diversos segmentos da indústria e do setor de transportes já começaram a adotar o biometano em suas operações logísticas, promovendo benefícios ambientais e econômicos.
- Transporte de cargas: Grandes transportadoras vêm integrando caminhões movidos a biometano em suas frotas. Empresas do setor varejista e de logística para entregas finais estão implementando essa solução para otimizar rotas. Além disso, será possível reduzir a pegada de carbono do transporte de mercadorias.
- Transporte coletivo urbano: Capitais brasileiras já testam ônibus movidos a biometano como alternativa ao diesel, garantindo menores emissões e maior eficiência energética. Essa tendência acompanha o movimento global de eletrificação e transição para combustíveis renováveis.
- Setor agrícola e transporte interno de indústrias: Frotas de tratores, colheitadeiras e veículos de transporte interno também já vem utilizando o biometano. Essa transformação está acontecendo especialmente em setores que já produzem biogás a partir de seus próprios resíduos, como o sucroenergético. Isso reduz os custos operacionais e descarboniza processos
Ao analisar os pontos acima e, apesar do potencial promissor, a expansão do biometano no setor de transportes ainda enfrenta desafios. Um deles é a necessidade de infraestrutura para abastecimento e da evolução equilibrada entre oferta e demanda. Por isso é importante assegurar a competitividade de preços e ampla disponibilidade do combustível em diferentes regiões.
O avanço da rede de distribuição, o desenvolvimento de novos modelos de veículos adaptados e a criação de incentivos fiscais são também fatores essenciais para acelerar a adoção dessa alternativa sustentável.
Um futuro de boas expectativas
A Ultragaz, firmou uma parceria com a Natura para substituir combustíveis fósseis por biometano em sua fábrica de Cajamar (SP). De modo geral, essa iniciativa inclui a construção de uma central de armazenagem e distribuição para abastecer tanto as caldeiras industriais quanto a frota de caminhões da Natura.
Desta forma, a operação tem início previsto para maio de 2025. Estima-se que essa colaboração reduza em 20% as emissões de carbono do complexo industrial, reforçando o compromisso de ambas as empresas com a sustentabilidade.
Com a aprovação da Lei do Combustível do Futuro – Lei 14.993/24 que estabelece um mandato para estimular a produção e o consumo do biometano e consequentemente a redução de emissões, espera-se um avanço significativo na expansão do uso do biometano.
A medida contribuirá para reduzir barreiras como a escassez de postos de abastecimento, tornando a possibilidade do biometano no transporte de cargas ainda melhor. E como vimos, poderá proporcionar maior previsibilidade e competitividade ao mercado, acelerando, assim, a transição energética no setor de transportes.
Autor: AMPLUM Biogás
